Aquele xarope caseiro que promete curar tosse e limpar os pulmões pode estar colocando a saúde em risco. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de proibir a venda de cinco produtos que circulavam livremente em farmácias, mercados e até na internet. Entre eles, o famoso “Xarope da Vovó”, vendido por apenas R$ 15 e que prometia ser a solução natural para problemas respiratórios. Mas o que realmente está por trás dessas proibições? E como isso afeta quem busca alternativas naturais para cuidar da saúde?
O que foi proibido e por quê
A decisão da Anvisa, publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de julho, determinou a apreensão imediata de todos os lotes dos seguintes produtos:
- Xarope da Vovó Isabel (ou Xarope da Vovó)
- Colágeno + Vitamina C
- L-Treonato de Magnésio
- Espinheira Santa
- Curcumyn Long (Extrato de Cúrcuma)
O que levou a agência a tomar essa medida drástica? A resposta está na total falta de controle sobre esses produtos. O Xarope da Vovó, por exemplo, é fabricado por uma empresa desconhecida pela vigilância sanitária. Um produto que promete tratar pneumonia, bronquite e inflamação de garganta, mas ninguém sabe quem produz, onde ou em que condições.
A falsa promessa do “100% natural”
Nem tudo que é natural é seguro. O Xarope da Vovó se vendia como uma solução milagrosa, contendo ingredientes como cebola branca, óleo de copaíba, babosa, mel, entre outros. A indicação era simples: três colheres de sopa por dia para “limpar o pulmão”. Parece inofensivo, mas sem estudos, sem controle de qualidade e sem supervisão técnica, qualquer substância pode se tornar perigosa.
Imagem: Reprodução
A situação dos outros produtos
O Grupo Nutra Nutri, que fabrica os produtos Colágeno + Vitamina C, L-Treonato de Magnésio e Espinheira Santa, está operando sem a devida autorização da Anvisa para a produção de medicamentos. Nenhum dos três produtos possui registro, cadastro ou notificação na agência reguladora.
Curcumyn Long: quando o processo importa
No caso do Curcumyn Long, fabricado pela Akron Pharma, o problema foi diferente. Durante uma inspeção, descobriu-se que o método de obtenção do extrato não seguia as especificações da legislação. Ninguém compraria um alimento sabendo que ele foi produzido de forma inadequada.
As consequências vão além do recolhimento
A determinação da Anvisa não se limita apenas a tirar os produtos das prateleiras. A medida proíbe:
- Uso e consumo
- Venda e distribuição
- Fabricação
- Importação
- Propaganda e divulgação
Isso significa que qualquer pessoa ou empresa que continuar comercializando esses produtos estará sujeita a punições legais. Sites de vendas online, influenciadores digitais e até pequenos comerciantes precisam ficar atentos.
O perigo da falsificação
Botox falso também entra na lista
Além dos produtos naturais, a Anvisa também identificou um lote falsificado de toxina botulínica (Botox). O lote L42158 do produto Dysport foi denunciado pela própria fabricante, Beaufour Ipsen, como não sendo original. Esse caso mostra que o problema vai além dos remédios caseiros, até produtos sofisticados estão sendo falsificados.
Saúde e segurança
A busca por alternativas naturais para cuidar da saúde é compreensível e muitas vezes válida. Mas vale a pena arriscar consumir produtos sem nenhuma garantia de segurança? A medicina tradicional e os conhecimentos populares têm valor, mas precisam passar por validação científica quando se transformam em produtos comerciais.
Quantas pessoas já usaram esses produtos acreditando que estavam fazendo bem para a saúde? E quantas podem ter sofrido consequências sem nem saber a causa? A fiscalização existe justamente para proteger a população desses riscos invisíveis.
Antes de comprar qualquer medicamento ou suplemento, vale sempre verificar se o produto tem registro na Anvisa. É um cuidado simples que pode evitar muitos problemas. A checagem dos produtos usados em casa quanto à regularização é uma medida de proteção importante para toda a família.
Veja também no Sena Nutri, outros produtos que foram proibidos pela Anvisa.